O HOMEM FAZ O CLIMA. E FAZ MAL - Aquecimento Global
A interferência do homem pode acelerar em milhares de anos os processos naturais de mudanças climáticas e trazer graves conseqüências à vida na Terra. Se nada for feito para, por exemplo, diminuir a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, daqui a um século poderemos viver num ambiente de catástrofe. Essa é a principal conclusão dos relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), grupo de mais de 3 000 cientistas que, desde 1991, vem publicando documentos conclusivos sobre o tema (leia no quadro ao lado). "Há fatores que afetam naturalmente o clima", diz o engenheiro agrônomo Marcelo Rocha, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). "Quanto a eles, a dinâmica do planeta, bem como todas as formas de vida, têm condições de se adaptar. O problema é que a interferência do homem em diversos aspectos da natureza está acelerando esse processo de tal forma que a Terra como um todo não consegue acompanhar." Fenômenos como a elevação da taxa de emissões de CO2 na atmosfera, que levariam milhares de anos para ocorrer naturalmente de forma significativa, com a mão do ser humano podem atingir picos incontroláveis em poucas décadas, sem que a vida na Terra consiga se adaptar.
O consumo desenfreado e a explosão demográfica têm sido fatores de forte influência entre as atividades humanas que podem gerar graves mudanças climáticas. Se a temperatura não parar de subir, daqui a cerca de 100 anos poderemos ter grandes mudanças na ocorrência de fenômenos como tormentas e furacões. A elevação do nível dos oceanos, conseqüência do aquecimento global, pode levar ao desaparecimento, em menos de um século, de pequenos países de topografia baixa, como as ilhas da Polinésia. O mar pode invadir parte de grandes cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, e se misturar com fontes de água potável, como os rios que nele deságuam, salinizando-as. Águas provenientes do derretimento dos picos das montanhas geladas poderão invadir vales e cidades em seu entorno. Espécies mais sensíveis correm o risco de extinção, causando desequilíbrio nos ecossistemas e nas cadeias alimentares. A ampliação de áreas com temperaturas mais altas pode levar também ao crescimento de regiões expostas a doenças tropicais, como a malária, exigindo investimentos bem maiores em saúde.
O cenário de catástrofe está desenhado. Resta ao homem fazer alguma coisa para evitar a concretização dessas profecias.
O impacto da descoberta
As mudanças climáticas ocorrem pela ação de dois agentes: o homem e a natureza. O primeiro tem tido influência muito maior. Os estudos do IPCC podem embasar os planos de redução do impacto da ação humana
Sustentáculo
A relevância dos estudos sobre mudanças climáticas para projeções sobre o futuro do planeta levou, em 1988, os integrantes do Fórum Mundial de Mudanças Climáticas a tentar reunir tudo o que se publicava sobre o assunto. A idéia foi criar um grupo de cientistas que preparasse relatórios conclusivos para alertar governos e entidades, embasando cientificamente políticas públicas que visem minimizar o impacto das mudanças climáticas.
Assim nasceu o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, em português). Com três relatórios, lançados a cada cinco anos desde 1991, o IPCC possibilitou uma visão ampla do que pode ou não acontecer à Terra no futuro. Esses documentos serviram de base para a elaboração de importantes políticas públicas, como o Protocolo de Kioto, acordo internacional de proteção ao meio ambiente, firmado em 1997 por 36 países industrializados. Apontar o homem como o maior vilão de muita coisa ruim que pode ocorrer no planeta nos próximos 100 anos vem causando bastante incômodo à classe política. Juntar periodicamente os principais estudos e tirar um documento conclusivo tem sido fundamental para que as pessoas com poder de decisão tenham acesso a um quadro multidisciplinar de como poderá ser o mundo dos nossos netos, se algo não for feito com urgência.
fonte e ano desse texto?
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